segunda-feira, 7 de junho de 2010

Quem vê cara não vê coração


Comecemos esse post com um teste trivial, daqueles, estilo psicotécnico: você consegue dizer que sensação cada um dos rostos ao lado evoca? Imagino que as respostas dificilmente fugirão ao big six, as seis grandes emoções humanas. Durante décadas houve consenso entre cientistas e psicólogos quanto ao fato de raiva, medo, desgosto, surpresa, alegria e tristeza formarem um grupo de sentimentos suficientes para abranger toda a gama de reações passíveis de serem expressas por uma pessoa.


Apesar de eficiente, a teoria não previu uma variável importantíssima; assim como o mundo em que vivemos, nós também estamos em constante transformação. As situações cotidianas – que hoje parecem arraigadas em nosso comportamento – já são, na verdade, muito distintas das que os estudiosos consideraram para criar a classificação. Frente a incontestável percepção, fez-se necessário revisar a tal lista.


Em meio a muita controvérsia, interesse, gratidão, orgulho e confusão são alguns dos postulantes a novos sentimentos básicos. Na prática, funciona como aquele pacote de expansão que se baixa da página do fabricante para evitar bugs em determinado software. É o que poderia se chamar de  “Emoções Humanas versão séc. XXI”. No site científico New Scientist é possível encontrar o artigo que detalha a ocasião em que os recém-identificados comportamentos se manifestam, dentre os quais destaco a “elevação”.


Se o nome já soou poético, espere pela descrição: trata-se de um formigamento atrás do pescoço, acompanhado por calor no peito, lágrimas marejando os olhos e um leve estrangulamento, a sensação que muitos simpatizantes de Barack Obama reportaram ao ouví-lo em seu discurso de posse. Em outros contextos, há relatos de que a reação tenha sido observada também no Japão, na Índia e nos territórios palestinos, argumento que aponta para uma incidência universal. Se não me falha a memória, acho que senti isso uma vez, assistindo ao desfecho de um filme dos Trapalhões.


O tema, claro, dá muito pano pra manga, até porque, por se tratar de matéria absolutamente abstrata e individual, as emoções, além de incontáveis, parecem não caber em nenhum tipo de catalogação. Minha mulher, por exemplo, jura sentir as tais borboletas no estômago ao receber uma notícia feliz. Alguém já sentiu isso? Assim sendo, não resisti à tentação de sugerir a inclusão de alguns sentimentos que ultimamente têm chamado minha atenção, os quais, embora não mencionado pelo estudo, parecem bastante corriqueiros:


Frustração tecnológica – é o que ocorre quando o HD do seu computador queima, quando, após lermos um manual de cabo a rabo, somos incapazes de fazer funcionar uma máquina de café expresso, ou quando escrevemos aquele e-mail de 50 linhas que some antes de ser enviado.


Amor virtual – como ninguém ainda tentou descrever isso? É a paixão entre pessoas que nunca se viram, aquele namoro que começa na sala de bate-papo e nem sempre chega à vida real. Aliás, o que deve ser considerado como “vida real”? Bom, isso já é outra discussão, mas, sem dúvida, aí está uma forma diferente de amar.


Fadiga de hiperconexão – se você é uma daquelas pessoas que mantém  Myspace, Orkut, Twitter, Facebook, MSN, Fotolog, Flickr, tudo aberto ao mesmo tempo, e ainda lê blogs, notícias e conversa via chat com 13 pessoas, é provável que saiba a que me refiro.


Será que me esqueci de alguma coisa? Se alguém identificar um sentimento novo, ou mesmo um que seja bem particular e ainda não tenha sido citado, não hesite em descrevê-lo. Vamos incrementar essa lista!


Fontes: Globo.com

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